Curso

Introdução

            A formação de profissionais de nível superior tem primado, até os tempos atuais pela especialização fragmentária em áreas do conhecimento que se desconhecem mutuamente. Podemos encontrar, na administração pública, profissionais com excelente conhecimento em determinado espectro científico, porém o nível de especialização faz com que haja a sensação de desconexão com o envolvimento mais amplo, com os fenômenos e mesmo com as atividades administrativas e de planejamento.

            Desde o final da década de 80, a análise do conhecimento, em função da desmistificação do paradigma mecanicista, cartesiano, como universal, em prol de um olhar sistêmico e totalizador de envolvimento do que acontece no mundo, envolvendo da filosofia às artes, do humano ao tecnológico; enfim, do natural ao cultural, passou-se a ter a necessidade da conexão das diversas áreas do conhecimento.

            A forma sistêmica de elaborar as questões ambientais transfere as preocupações que vinculavam à saúde humana a gestão ambiental, unicamente relacionada ao saneamento básico, para uma visão mais ampla, transformando este em saneamento ambiental, substituindo a postura de “end of pipe” do tratamento de resíduos para ações de prevenção, através da minimização de impactos ambientais, no intuito de não deixar acontecer, deixando antever a gestão ambiental como também uma atividade economicamente viável, em termos de uma sociedade integrada.

            Pode-se dizer quer os nos dias atuais, as organizações encontraram o caminho para a compatibilização de suas atividades com a fiscalização oficial, e para a obtenção de incentivos comerciais através de sistemas de gestão (Gestão da qualidade – NBR ISSO 9.000 e Gestão ambiental – NBR ISO 14.000). De forma análoga, a sociedade encontrou como instrumento de gestão ambiental pública, o processo de avaliação de impacto ambiental (AIA), sendo que, em um e outro casos, há a necessidade de profissionais, interdisciplinares, que sejam capazes de gerir tais atividades.

            O processo de internalização de custos ambientais aumenta a responsabilidade privada sobre os impactos sócio-ambientais, socializando os benefícios pela minimização das externalidades provocadas pelas atividades potencialmente poluidoras, através da gestão saudável e induzida pelas políticas públicas.

            Assim, as atividades de gestão pública municipal, relacionadas com o meio ambiente, passam a se inter-relacionar, de forma definitiva com a totalidade das funções administrativas.

            Destarte, saúde pública, saneamento ambiental, educação, transportes de pessoas e de cargas, agricultura, produção, comércio, serviços e a própria existência viva de per si, necessitam encontrar a síntese necessária para o equacionamento da forma de administrar os municípios, de forma integrada e sistêmica, através de um planejamento integrado.

            Assim, as informações, a documentação, as rotinas de trabalho,  a organização administrativa, enfim, precisam  encontrar uma maneira de harmonizar, por parte dos diversos profissionais envolvidos, os diversos aspectos pertinentes às mais diferentes atividades.

            A questão ambiental que encontrou, a partir da reunião do Rio de Janeiro (1992), uma diretriz geral, através da Agenda 21, a ser disseminada nos municípios, encaminhava uma linha de ação.

            Embora a maioria dos municípios, no Brasil, não tenha sequer tomado conhecimento de seu conteúdo, não há como desconhecer que, por motivos de compromissos inclusive internacionais de financiamento de atividades, atores, como o Ministério Público, e o Ministério do Meio Ambiente, através dos seus órgãos executivo (IBAMA) e deliberativo (CONAMA), além dos órgãos estaduais de proteção ambiental (FEPAM, no Rio Grande do Sul), já mostram-se ativados, em relação à proteção ambiental e, não raro, travam pequenas batalhas com as prefeituras municipais em função de ações necessárias negligenciadas.

            Sem dúvida, os profissionais em ação nas prefeituras, em função da novidade do tema, encontram-se desatualizados em relação a essa nova postura ante o surgir do que se passou a chamar de “consciência ambiental”.

            As próprias universidades ainda não tiveram tempo de se adequarem plenamente em relação a esse desafio. Assim cabe pensar uma forma de acelerar esse processo.

Sobre:

O Centro de Ciências Computacionais da Universidade Federal do Rio Grande é uma das 13 Unidades Acadêmicas da FURG, sendo responsável pela área das Ciéncias Computacionais, dedicando-se a formação de recursos humanos e a produção de conhecimento.

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